Introdução de "Brasil: território e fronteiras"

Toda a área que corresponde ao Brasil, constitui seu território. O território é aquela parte de um país na qual esse exerce domínio e soberania. Nosso país tem um território muito vasto, alguns países até são menores que muitos estados do Brasil.

Uma das características do Brasil é ser contínuo. Os Estados Unidos, por exemplo, é um país descontínuo pelo fato da existência do Alasca, que fica a milhares de quilômetros da parte principal do país. Alguns países, assim como o Brasil, são contínuos, no entanto, contém algumas ilhas. A existência de infinitas ilhas em um país não o tira essa característica.

Tanto no sentido norte-sul e leste-oeste, o Brasil apresenta grande extensão. Isso faz com que ele seja um país de dimensões continentais.

O Brasil está totalmente a oeste do Meridiano de Greenwich, ou seja, ele está em totalmente localizado no hemisfério Ocidental. O problema é que nosso país não está totalmente ao sul, ou ao norte. Mais de três quartos do Brasil está a sul, no entanto, o restante está a norte. Sabemos disso devido a Linha do Equador.

Para sabermos onde qualquer lugar do mundo está localizado, utilizamos as coordenadas geográficas. A latitude, medida em graus, indica se o local está a norte ou a sul, de acordo com a Linha do Equador. A longitude, também medida em graus, indica se o local está a leste ou a oeste, de acordo com o Meridiano de Greewich.

Como nosso país é bem grande, ele possui três fusos, sendo um deles nas ilhas e os outros dois na área continental. Os três estão atrasados em relação ao Meridiano de Greenwich. Mas o que é fuso horário?

Fuso horário é uma faixa imaginária que se estende de um polo a outro, ou seja, de leste a oeste, ou de norte a sul. Se vinte lugares, por exemplo, estiverem localizados na mesma faixa, marcaram horários iguais.

O horário de nosso planeta está estabelecido de acordo com o meridiano de Greenwich, ou seja, com zero grau de longitude. Qualquer lugar a leste desse meridiano, atrasa-se uma hora. Os lugares que estiverem a oeste, adianta-se uma hora. Os fusos foram criados a partir dos limites territoriais (do território) dos países.

Os países apresentam limites que os separam dos vizinhos. Na maioria das vezes, esses limites são estabelecidos a partir de acordos e tratados. Por meio disso são criadas linhas imaginárias que são estabelecidas em depressões em geral, ou marcos construídos.

Muitas vezes, confundimos limite com fronteira, mas há uma diferença: a fronteira é mais usada para designar uma faixa do território de um país que se estende ao longo do limite. Caso o país seja banhado pelo oceano, estabelece-se uma fronteira marítima.

As fronteiras podem ser povoadas. Caso isso aconteça, pode haver um intenso intercâmbio comercial e cultural entre os países.

A Ponte da Amizade liga Foz do Iguaçu à Ciudad del Este. Ela passa pelo rio Paraná. Foz do Iguaçu liga, além do Paraguai, à Argentina. Muitas vezes por dia, milhares de paraguaios, brasileiros e argentinos cruzam as fronteira para estudar, comprar ou trabalhar no território vizinho.

Muitos países exercem defesa e proteção do território. A fronteira terrestre, de acordo com o governo brasileiro, apresenta cerca de 150 quilômetros, enquanto a marítima apresenta apenas 22, a partir da costa.

Isso e mais um pouco você confere ao decorrer de sua leitura.

Extensão territorial do Brasil

O Brasil é um dos países mais extensos do mundo, com área de 8.514.876 quilômetros quadrados. Essa imensidão de terras constitui o território do nosso país, isto é, a porção do espaço terrestre sobre a qual a nação brasileira exerce dominío e soberania. Poucos países do mundo possuem um território tão vasto quanto o brasileiro. Dezenas de países são até menores que muito estados do Brasil.

O território brasileiro tem a característica de ser contínuo. Com exceção de algumas ilhas oceânicas, em nosso país não há territórios separados. Entretanto, existem alguns países no mundo cujo território é descontínuo. O Alasca, por exemplo, um dos 50 estados que compõem o território dos Estados Unidos, localiza-se a alguns milhares de quilômetros de distância da maior parte do país.

A posição geográfica do território brasileiro

O Brasil, por sua amplitude territorial, é considerado um país de dimensões continentais, tanto no sentido norte-sul quanto no leste-oeste. Ele apresenta grande extensão.

Em relação a superfície terrestre, o Brasil está totalmente localizado no hemisfério Ocidental, isto é, a oeste do meridiano de Greenwich. Além disso, quase todo o território brasileiro está localizado no hemisfério Sul: cerca de 93% das terras brasileiras encontram-se ao sul da linha do Equador, enquanto apenas 7% estendem-se pelo hemisfério Norte, ou seja, ao norte da linha do Equador.

Para localizar corretamente a posição do território brasileiro, assim como de qualquer outro lugar sobre a superficie terrestre, utilizamos as coordenadas geográficas, isto é, as latitudes e as longitudes.
  • A latitude indica a posição, em graus, de um ponto qualquer na superfície terrestre em relação à linha do Equador, nas direções norte ou sul.
  • A longitude indica a posição, também em graus, de um ponto qualquer na superfície terrestre em relação ao meridiano de Greenwich, nas direções leste ou oeste.
O Brasil, por exemplo, possui 4.394 quilômetros no sentido norte-sul, enquanto possui 4.319 no sentido leste-oeste.

Os fusos horários do Brasil

Em razão de sua grande extensão no sentido leste-oeste, o território brasileiro apresenta três fusos horários diferentes, sendo um deles na porção das ilhas oceânicas e os outros dois na área continental. Estes estão atrasados em relação ao horário do meridiano de Greenwich, pois se encontram a oeste dele. Mas o que é fuso horário?

Fuso horário é uma faixa imaginária na superfície terrestre que se estende de um polo a outro, entre dois meridianos. Os lugares localizados no interior dessa faixa apresentam a mesma hora.

As horas em nosso planeta estão estabelecidas com base no meridiano de origem, com zero grau de longitude, ao qual foi dado o nome de Greenwich. Assim, a cada fuso localizado na direção oeste, a partir de Greenwich, atrasa-se uma hora. Já a cada fuso localizado na direção leste, a partir de Greenwich, adianta-se uma hora. Os fusos horários foram adaptados, em grande parte, aos limites políticos dos países, para facilitar sua utilização.

Brasil: limites e fronteiras

Assim como os limites que circundam sua escola, os países apresentam limites que os separam dos vizinhos. Esses limites indicam os lugares onde termina o território de um país e começa o de outro.

Os limites são estabelecidos, na maioria das vezes, por acordos e tratados entre dois ou mais países. Por meio desses acordos, são criadas linhas imaginárias que podem ser definidas por acidentes geográficos, como rios, lagos, serras e montanhas, ou demarcadas artificialmente por marcos construídos sobre o terreno.

O termo limite é muitas vezes utilizado como sinônimo de fronteira. Contudo, a ideia de fronteira é mais apropriada para designar uma faixa do território de um país que se estende ao longo da linha de limite. Quando parte do território do país é banhada por águas oceânicas, estabelece-se uma faixa que corresponde a sua fronteira marítima.

Fronteiras: intercâmbio entre os países

As faixas de fronteira entre dois ou mais países podem ser povoadas, existindo, muitas vezes, um imenso intercâmbio comercial e cultural entre os habitantes dessas áreas.

A Ponte da Amizade liga as cidades de Foz do Iguaçu, no estado do Paraná, e Ciudad del Este, no Paraguai. A ponte localiza-se sobre o rio Paraná, limite entre os dois países.

A cidade de Foz do Iguaçu situa-se na faixa de fronteira mais movimentada do país. Nessa cidade, o Brasil limita-se com outro pais, além do Paraguai: a Argentina. Em todos os dias, centenas de brasileiros, paraguaios e argentinos cruzam os limites de seus países para trabalhar, estudar ou mesmo fazer compras no território vizinho.

Geralmente, os países exercem tarefas de defesa e proteção do território em suas faixas de fronteira (terrestres ou marítimas). A faixa estabelecida pelo governo brasileiro para a fronteira terrestre apresenta cerca de 150 quilômetros, calculados com base no limite que separa o Brasil de seus vizinhos. A faixa estabelecida para a fronteira marítima de nosso país é de 22 km, a partir da costa.

As dimensões do território brasileiro

Neste capítulo, aprendemos que a área territorial do Brasil, estabelecida por seus limites, é de 8.514.876 quilômetros quadrados. É sobre essa porção da superfície terrestre que a nação brasileira exerce soberania, ou seja, total controle e autoridade dentro dos limites desse território, fato que garante seu reconhecimento como país independente.

Entretanto, a soberania do Brasil, assim como dos demais países do mundo, não se limita à superfície de terras emersas de seu território.

O Brasil é soberano sobre parte do oceano onde se localiza sua faixa de fronteira marítima, denominada mar territorial. Conforme um acordo internacional, para a exploração dos recursos naturais existentes no oceano, os países costeiros têm direito a uma faixa de até 370 quilômetros, partindo da costa em direção ao mar, chamada zona econômica exclusiva.

O Brasil exerce soberania sobre seu espaço aéreo, ou seja, a parte da atmosfera utilizada pelas aeronaves em voo sobre as terras emersas e sobre o mar territorial. Dessa forma, tanto no mar territorial como no espaço aéreo, o Brasil tem poderes de fiscalizar embarcações e aeronaves que neles circulem.

A soberania de um país também se estende ao subsolo. Assim, todos os recursos naturais existentes no subsolo continental ou no mar territorial do Brasil, como petróleo, gás natural e jazidas minerais, pertencem exclusivamente ao Estado brasileiro. A exploração dessas jazidas só pode ser realizada mediante a autorização do governo federal.

Exercícios de fixação

1. O Brasil pode ser considerado um país de dimensões continentais? Justifique sua resposta com base no que você estudou.

2. O território brasileiro apresenta três fusos horário e localiza-se em dois hemisférios terrestres. Qual é a relação entre essas características e a extensão territorial do país?

3. Uma partida de vôlei terá início às 16 horas na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Essa partida será transmitida simultaneamente para todo o país por uma emissora de televisão. A que horas essa partida terá início para os espectadores que moram nos estados de:
a) Rondônia e Manaus?
b) Goiás e Minas Gerais?

4. Como se caracteriza a soberania do Brasil em relação:
a) Ao espaço marítimo?
b) Ao espaço áereo?
c) Ao subsolo?

Introdução de "O mundo islâmico"

No início do século em que estamos houve em cerca 1,2 bilhão de muçulmanos (a pessoa na qual exerce o islamismo como religião). Essas pessoas devem se submeter apenas à vontade de Alá, deus único e universal. Os termos "muçulmano" (muslin) e "islamismo" (íslam) derivam totalmente do árabe.

Os muçulmanos são divididos em dois grandes grupos. Entre eles, os xiitas e os sunitas. A mais óbvia diferença entre essas duas correntes é a forma nas quais dividem as profissões. Os xiitas, por exemplo, acreditam que o líder político deve ser também o líder religioso. Já os sunitas acham que não há a necessidade de uma pessoa exercer duas profissões. Para elas, o líder político se diferencia do líder religioso, ou ulemás.

Mas não há como existir esses dois grupos, sem existir o islamismo propriamente dito. Conheceremos a história de como essa religião começou a partir de agora.

Muitas pessoas que moravam em tribos na península Arábica começaram a viajar e conhecer outros povos, como os bizantinos e adotar ideias das outras religiões. Uma dessas pessoas era Maomé que, em uma de suas viagens, recebeu a visita de um anjo. O anjo, por sua vez, confiou a ele uma missão: pregar a crença de um único deus, Alá.

O anjo disse também, em nome de Alá, que têm alguns preceitos para que os crentes cheguem a salvação. Dentre eles, estão os Cinco Pilares do Islã. Com isso, Maomé disse que era o profeta de Alá somente para seus familiares e às pessoas mais pobres de Meca.

Diferente dos demais outros povos, Maomé começou a pregar o monoteísmo. Os líderes políticos que pregavam o politeísmo estavam com medo que Meca perdesse seu poder religioso e comercial e que essa nova religião acabasse com as crenças tradicionais, o que gerou uma grande guerra contra Maomé e seus seguidores.

Como ninguém ousara a discordar de uma pessoa que participava de uma das tribos mais poderosas da península Arábica, Maomé ia se fortalecendo cada vez mais. Com esse aumento de seguidores, o profeta começou a falar mal dos politeístas que dominavam uma grande parte da península Arábica, o que fez com que os líderes tribais finalmente perseguissem Maomé e seus seguidores.

Em 622, com a guerra, Maomé decidiu sair de Meca e se estabelecer em Medina. Essa mudança ficou conhecida como Hégira. Enquanto Maomé destruía os mercadores, o número de seus adeptos crescia, tanto em Medina quanto em Meca.

Anos depois, em 630, o profeta rumou com dez mil soldados para Meca e pediu que invadisse Caaba (uma construção em forma de cubo, na qual guardava imagens de deuses locais e a Pedra Negra que teria se originado do céu) e destruísse todas as imagens de deuses, e que só deixassem a Pedra Negra. Com isso, Maomé conseguiu criar, finalmente, uma nova religião que, mais tarde, foi chamada de islamismo.

Maomé não deixou nada escrito sobre quem seria seu sucessor, o que fez com que os principais seguidores do profeta selassem um acordo. Quatro homens foram escolhidos para ser seus califas (ou halifas, em árabe). O último a ser escolhido foi Ali Ibn Abi, primo e genro de Maomé.

Algumas pessoas continuaram tentando conseguir o título de sucessor de Maomé, até que assassinaram Ali. Os líderes que assumiram o poder a partir dali, começaram a transmiti-lo hereditariamente, ou seja, de pai para filho. Esses líderes modificaram a capital para Damasco, criando assim, a dinastia Omíada. Após 750, os islâmicos foram governados pelos membros da dinastia Abássida que, novamente, mudou a capital para Bagdá.

Quando o anjo desceu e entrou em contato com Maomé, disse a ele que deveriam ser feitas cinco coisas para que chegassem a salvação. Entre elas, rezar ajoelhado em direção a Meca pelo menos cinco vezes ao dia, dar esmolas espontaneamente para a sociedade mais pobre, jejuar do nascer ao pôr do sol no mês do Ramadã, repetir publicamente que "só há um Deus, e Maomé é seu profeta" e ir a Meca pelo menos uma vez na vida, se puder custear a viagem.

Essas revelações foram chamadas, em árabe de quran, "o que deve ser lido". Daí o nome Corão. Desde criancinhas, seus 114 capítulos e 6000 versículos eram decorados pelos muçulmanos.

As normas contidas no Corão interferia também na vestimenta das mulheres. Elas não podem mostrar o cabelo e, em alguns países, o restante do corpo. Elas são obrigadas a usar um véu que esconde todo o corpo, mostrando apenas os olhos, para que elas possam enxergar. Outras, por sua vez, usam as túnicas masculinas no corpo e um lenço no cabelo.

Isso e mais um pouco você confere ao decorrer de sua leitura.

O islamismo atualmente

No início do século XXI havia no mundo cerca de 1,2 bilhão de adeptos ao islamismo. Essa religião é seguida pela maioria da população de vários países asiáticos e africanos e tem fiéis por todo o planeta, inclusive no Brasil.

Nos últimos tempos, muitas referências são feitas ao islamismo nos meios de comunicação. Isso ocorre principalmente em razão dos conflitos armados no Oriente Médio, onde essa religião tem forte presença.

A ligação entre islamismo e conflitos, porém, contribui para uma visão equivocada dessa religião. A maioria dos islâmicos condena o uso da violência, pregando a coexistência pacífica entre os povos.

Segundo a doutrina islâmica, os seres humanos devem se submeter inteiramente à vontade de Alá, deus único e universal. O termo "islamismo" se origina da palavra árabe íslam, que significa "submissão". Os seguidores dessa religião também são conhecidos como muçulmanos, palavra derivada do árabe muslin, "aquele que se submete".

Os islâmicos consideram a existência terrena de uma preparação para a vida que começará após a morte. Acreditam que, nesse momento, Alá julgará os atos de cada indivíduo. Por isso, a religiosidade tem forte influência no cotidiano dos islâmicos.

Apesar das crenças partilhadas por todos os muçulmanos, há diferentes correntes do islamismo. Entre elas destacam-se a dos sunitas e a dos xiitas, cujas diferenças estão relacionadas com o processo do islamismo, como veremos a seguir.

A península Arábica

O surgimento e a estruturação inicial do islamismo ocorreram na península Arábica. Por volta do século sexto, a península era habitada por diversos grupos humanos. A maior parte desses agrupamentos era constituída por famílias organizadas em tribos, ou seja, reunia indivíduos com ancestrais e língua em comum. Os membros das tribos escolhiam os líderes que comandavam as várias famílias.

Os chefes controlavam os oásis, terras úmidas em meio ao deserto predominante na península. Eles também dominavam as rotas comerciais que cortavam toda a península. As rotas comerciais interligavam as diferentes áreas e se entrecruzavam em cidades próximas ao litoral, como Medina e Meca.

Por estar situada em um oásis, Meca constituía um ponto de parada das caravanas de camelos que transportavam mercadorias. Os habitantes da cidade cobravam taxas para permitir a passagem das caravanas.

Além de polo comercial, Meca era um centro religioso. Nela ficava um santuário que abrigava a Caaba, uma construção em forma de cubo onde se encontravam imagens dos deuses locais. Na Caaba era guardada, também, a Pedra Negra, uma rocha sagrada que seria originária do céu.

Do politeísmo ao monoteísmo

A partir do século sétimo ocorreram mudanças importantes no modo de vida dos habitantes da península Arábica, conhecidos genericamente como árabes. Nesse período, vários grupos de mercadores tiveram contato com os bizantinos e outros povos e passaram a conhecer os fundamentos de religiões diversas, entre as quais o cristianismo. Algumas ideias dessas religiões acabaram incorporadas pelos árabes.

Entre os mercadores que conheceram outras religiões inclui-se Maomé. Nascido em Meca por volta de 570, ele pertencia a uma das tribos mais poderosas da península Arábica.

Durante uma das viagens de Maomé, teria ocorrido um fato que modificou radicalmente a sua vida: um anjo teria confiado a ele a missão de pregar a crença em um Deus único e universal, Alá. O anjo também lhe teria revelado, em nome de Alá, os preceitos que os crentes deveriam seguir para alcançar a salvação.

Maomé passou a pregar o monoteísmo e, afirmando ser o profeta escolhido por Alá, iniciou suas pregações. A princípio, teria falado apenas a seus parentes mais próximos e às pessoas mais pobres de Meca. Dizia que o mundo iria acabar e que Alá julgaria a todos. Afirmava também que os que seguissem a nova fé e fizessem as preces indicadas seriam salvos.

Tais ensinamentos contrariavam o politeísmo da maioria dos habitantes da península Arábica. Porém, Maomé era tolerado pelos chefes tribais, que temiam contrariar um membro de uma tribo poderosa.

Conflitos políticos

Fortalecido pelo aumento do número de seus seguidores, Maomé passou a condenar abertamente o politeísmo. Essa situação provocou o descontentamento dos líderes políticos, receosos de que a nova religião acabasse com as crenças tradicionais. Se isso ocorresse, Meca perderia sua condição de santuário religioso e atrativo para as caravanas comerciais.

Os líderes tribais passaram então a perseguir Maomé e seus seguidores, que, por essa razão, decidiram abandonar Meca e se estabelecer em Medina. Essa mudança, que ocorreu em 622, ficou conhecida como Hégira.

Em Medina, Maomé tornou-se líder espiritual e chefe político. Ele pregava a igualdade entre os crentes e, desse modo, atraiu grande número de adeptos. Isso permitiu que ele entrasse em luta com os ricos mercadores de Meca.

Enquanto Maomé lutava contra os mercadores, aumentava o número de seus adeptos tanto em Medina e Meca quanto nas cidades vizinhas. Após sucessivas batalhas, em 630 Maomé rumou com cerca de dez mil soldados para Meca. As lideranças da cidade se renderam e o profeta, vitorioso, mandou destruir todas as imagens de deuses existentes em Caaba. Restou apenas a Pedra Negra, integrada aos rituais do culto a Alá.

Desse modo, Maomé conseguiu unificar os árabes em torno de uma nova crença, que mais tarde se organizaria como a religião islâmica.

As primeiras dinastias

Maomé morreu em 632 sem indicar seu sucessor. Por isso, houve uma intensa disputa pela liderança religiosa e política dos islâmicos.

Um acordo entre os principais seguidores de Maomé permitiu a escolha de um único líder, chamado de califa (do árabe halifa).

Entre 632 e 661, quatro califas foram escolhidos para liderar os muçulmanos. O último deles foi Ali Ibn Abi, primo e genro de Maomé, que desde 632 era visto por muitos como o sucessor natural do profeta.

Em meio a disputas pela liderança política, Ali foi assassinado. Após a morte de Ali, os líderes que assumiram o poder passaram a transmiti-lo hereditariamente, dando origem à dinastia Omíada. Esses líderes fixaram a capital em Damasco (na atual Síria) e governaram até o ano 750. De 750 a 1035, os islâmicos foram governados pelos membros da dinastia Abássida, que estabeleceram uma nova capital, Bagdá (no atual Iraque).

Xiitas e sunitas

Os partidários de Ali não aceitaram os califas da dinastia Abássida e durante muito tempo promoveram revoltas com o objetivo de retomar o poder. Eles diziam que a liderança dos fiéis devia ser exercida apenas por familiares de Maomé e seus descendentes. Os que manifestam essa vontade foram chamados de xyiai Ali, isto é, partidários de Ali. Daí o nome xiita.

Os xiitas não admitiam que o governante fosse apenas um administrador da Lei. Para eles, o líder político deveria também ser um imã, isto é, um guia espiritual.

Mas muitos muçulmanos tinham outra opinião. Entre os que discordavam, destacaram-se os sunitas, que apoiaram a ascensão dos membros da dinastia Omíada. Seu nome deriva do árabe sunna, que quer dizer "costume", "norma". Esse grupo surgiu após a morte de Maomé, quando os ensinamentos do profeta passaram a ser escritos e estudados. Seus seguidores propunham uma interpretação rigorosa de Suna, o registro dos preceitos e exemplos de conduta de Maomé e dos quatro primeiros califas.

Para os sunitas, não havia necessidade de o líder político ser também líder religioso. Em sua visão, a função de guia espiritual deveria ser exercida pelos ulemás, profundos conhecedores dos preceitos do islamismo e especialmente preparados para exercer a liderança religiosa.

Atualmente, os xiitas correspondem a cerca de 15% dos muçulmanos. Eles representam a maioria da população no Iraque e no Irã, enquanto os sunitas predominam no restante do mundo islâmico.

Os Cinco Pilares do Islã

Tanto os xiitas quando os sunitas seguiam os chamados Cinco Pilares do Islã, definidos por Maomé e seus sucessores:
  • Repetir publicamente que "só há um Deus, e Maomé é seu profeta".
  • Orar cinco vezes por dia voltado para Meca, de preferência em grupo, e ajoelhado para indicar submissão a Alá.
  • Dar esmolas espontaneamente para a comunidade.
  • Jejuar durante todo o mês de Ramadã, o mês em que Maomé teria recebido a Revelação, do nascer ao pôr do sol.
  • Ir a Meca pelo menos uma vez na vida, se puder custear a viagem.
Os sucessores de Maomé procuraram organizar por escrito as ideias que lhes teria revelado. Segundo alguns pesquisadores, isso teria ocorrido na época do califa Uthman (entre 644 à 656 depois de Cristo).

As revelações de Maomé foram chamadas em árabe de quran, que significa "o que deve ser lido". Daí o nome Corão ou Alcorão (em árabe, Al Quaran), dado ao livro sagrado dos muçulmanos. Desde pequenas, as crianças decoravam seus capítulos, chamados de suratas (114 capítulos6000 versículos), que também eram recitados na porta das mesquitas, os templos islâmicos.

Mais do que um livro religioso, o Corão é também um código de leis civis e penais. Apresenta ainda normas de comportamento individual e social e instruções sobre os mais variados assuntos.

Os ensinamentos do Corão e da Suna, interpretados pelos líderes religiosos, regulavam o cotidiano dos islâmicos. Por exemplo, antes de cada uma das cinco orações diárias, todo muçulmano deveria realizar um ritual de purificação.

A situação das mulheres

As normas religiosas interferiam também na vestimenta. As mulheres, por exemplo, deviam se vestir de forma que não atraísse a atenção dos homens. Assim, introduziu-se em alguns lugares o xador, um veste que envolve o corpo todo, com exceção dos olhos. Em outros locais, as mulheres passaram a usar roupas semelhantes as túnicas masculinas e, na cabeça, um lenço deixava só o rosto à mostra.

Tanto nas mesquistas como no espaço doméstico as mulheres deviam ocupar locais separados dos destinados aos homens. Especialmente nas casas ricas, as mulheres ficavam numa parte da moradia reservada a elas, o harém.

As mulheres das famílias pobres, porém, circulavam pelas ruas, e em suas casas não existia harém. A ocupação de espaços diferentes por homens e mulheres era um costume das elites de muitos países asiáticos, bem anterior ao islamismo.

A religião muçulmana também admitia a poligamia, isto é, a possibilidade de um homem ter várias mulheres, até o limite de quatro. Na prática, esse direito era exercido apenas pelos homens ricos, que tinham condições de sustentar mais de uma mulher.

A conquista

Depois de unificar a península Arábica em torno do islamismo, os árabes se voltaram para a conquista das terras vizinhas. Essa expansão ampliou os domínios dos califas e as relações comerciais dos árabes com outros povos.

Entre os séculos sétimo e oitavo o território controlado pelos islâmicos teve um grande crescimento e passou a incluir a Ásia, norte da África e península Ibérica (território atual de Portugal e Espanha). As conquistas territoriais dos arábes nem sempre ocorriam por meio de ataques diretos. Algumas áreas foram controladas mediante acordos entre os arábes e os líderes locais.

Na maioria dos casos, quando passavam a dominar um território, os arábes interferiam pouco na administração local, evitando conflitos políticos. Assim, os povos dominados puderam manter suas leis e conservar sua crença, pois os árabes não realizavam conversões pela força. Desse modo, na maioria dos territórios conquistados, foram mantidos os locais de culto de diversas religiões.

Estratégias de dominação

Todos os que reconheciam o domínio árabe podiam manter suas propriedades, desde que pagassem impostos. No caso de se converterem ao islamismo, conquistavam o privilégio de não pagar impostos e passavam a ter acesso aos cargos políticos.

No entanto, à medida que o território sob influência dos islâmicos era ampliado, os governantes organizavam uma extensa rede de funcionários para cuidar dos impostos e do exército e controlar a vida dos não muçulmanos.

Como forma de consolidar sua influência nas terras conquistadas, os califas introduziram a língua árabe na administração e passaram a cunhar moedas com inscrições árabes. Assim como a religião, a língua árabe teve um importante papel na consolidação do mundo islâmico.

Influências culturais

Os árabes exerceram grande influência cultural sobre os povos que dominaram. Em algumas cidades, instalaram bibliotecas públicas ligadas às mesquistase mantidas com doações. Essas bibliotecas serviam de centro de estudo, onde os visitantes podiam participar de discussões sobre religião, poesia, ciência e outros temas.

Os arábes também fundaram escolas em seus domínios, como a Universidade de Azhar, no Egito, considerada a primeira do mundo e frequentada por muçulmanos de diferentes lugares.

Tanto nas universidades como nas bibliotecas de mesquistas havia pessoas encarregadas de copiar manuscritos da Grécia antiga, que eram traduzidos para o árabe. Nesses centros também se produziam textos nos quais se procurava registrar a produção científica e literária dos árabes.

As contribuições islâmicas

Os muçulmanos deram importantes contribuições para o estudo da matemática e das ciências naturais. Na matemática, introduzimos o zero e os algarismos hoje conhecidos como arábicos. Promoveram também o desenvolvimento da álgebra, da geometria e da trigonometria. Nas pesquisas em ciências naturais, descobriram várias substâncias e descreveram processos químicos como a destilação, a filtração e a sublimação. Aprofundaram também os estudos de medicina, por meio da dissecação de cadáveres.

O livro, tal como o conhecemos hoje - uma sequência de páginas encadernadas, com título e tema definido - foi criação dos árabes.

Os islâmicos também exerceram grande influência na arquitetura das áreas conquistadas, principalmente na contrução de mesquitas e outros prédios públicos.

Cabe lembrar, finalmente, que os árabes foram responsáveis pela difusão de criações culturais de outros povos. O uso e a fabricação de papel, a tinta para caneta e a pólvora - utilizados de início pelos chineses - tornaram-se conhecidos por meio das trocas comerciais realizadas pelos árabes.

O poder dos mercadores

Com a ampliação do terrritório sob controle dos muçulmanos, os grandes mercadores árabes intensificaram suas atividades comerciais. Por todo o mundo islâmico circulavam produtos agrícolas, metais precisos, tecidos e tapeçarias de diferentes áreas da Ásia, da África e da Europa.

Como esses mercadores dominavam o comércio de longa distância, conseguiam bons lucros e se fortaleciam. Com isso, passaram a ocupar importantes cargos religiosos e políticos.

A partir do século X, algumas famílias de comerciantes formaram assembleias locais. Essas assembleias decidiam os mais importantes assuntos das cidades localizadas no território ocupado pelos árabes.

Em algumas das cidades dominadas, o califado - poder central - permaneceu apenas um nome. Na prática, o governo estava descentralizado, sendo exercido por um grupo de famílias ricas.

A reação dos califas

Os califas reagiram à perda de poder, buscando reafirmar sua autoridade, pois se autodenominavam sucessores de Maomé.

Os choques entre califas e homens ricos e os confrontos entre religiosos e políticos contribuíram para a divisão do mundo islâmico em três califados. O primeiro, com sede em Bagdá, era controlado por membros da dinastia Abássida. O califado de Córdobra, na atual Espanha, estava sob a autoridade de um ramo dos Omíadas. Um terceiro califado, no Egito, era controlado por membros de uma dinastia xiita.

Aproveitando-se dessa divisão, algumas tribos turcas que havia se convertido ao islamismo tomaram Bagdá em 1055. Seus líderes políticos restringiram as funções do califa à chefia religiosa e passaram o governo para as mãos de um sultão turco.

Entre os séculos décimo primeiro e décimo quinto, os territórios sob influência islâmica foram fragmentados em vários reinos independentes. Na maioria deles, contudo, o islamismo permaneceu como religião predominante, o que explica sua força em muitos em muitos países da Ásia e África atuais.

Exercícios de fixação

1. Sobre as origens do islamismo, explique:
a) O que Maomé pregava e por que o número de seus adeptos cresceu;
b) Porque os líderes políticos tradicionais entraram em conflito com Maomé;
c) Como terminou esse conflito.

2. Compare xiitas e sunitas no que se refere ao significado do termo que designa essas correntes e ao tipo de liderança política e espiritual que propõem.

3. Baseando-se nas influências do islamismo no cotidiano dos seus fiéis, responda:
a) Como os islâmicos se higienizam?
b) Do que esse povo se alimenta?
c) Quais são as suas vestimentas no dia-a-dia?
d) Como são formadas suas famílias?

4. Colete reportagens em jornais e revistas atuais que façam referência à religião islâmica ou aos muçulmanos. Elabore uma pequena síntese das informações contidas no material selecionado, destacando:
  • O tema das reportagens;
  • A referência que é feita à religião islâmica ou aos muçulmanos.
Orientados por algum responsável ou professor(a), você e/ou seus colegas vão montar um painel com as sínteses das reportagens e discutir as seguintes questões:

a) Que tipo de visão dos islâmicos está presente nas reportagens? Por que você(s) concluíram isso?
b) Esse tipo de visão está de acordo com o que estudamos nesse capítulo? Justifiquem.